Para Poe é
um processo colaborativo de montagem teatral e criação dos artistas Clarissa
Oliveira, Erick Alessandro, Patrícia Cipriano e Thiago Inácio. A partir da
ótica do intérprete-criador, a direção se estabelece coletivamente, dividindo
experiências entre os artistas e as transpondo para o palco. O texto é uma
criação autoral de Clarissa Oliveira e Thiago Inácio, que surge da vontade em
expor, de maneira dramatúrgica, suas inquietações artísticas. Este projeto foi
contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012 e terá sua estreia
no dia 04 de julho de 2013, no Teatro Novelas Curitibanas em Curitiba.
"A resistência da
resistência. Meu corpo hesita. Minha imaginação me engana. Meu cérebro me leva
para outro caminho. Eu volto. Fujo, volto, fujo... Eu continuo. As pernas
tremem, a respiração ofega, o organismo resiste, eu continuo 70%. Os outros 30%
são um engodo. A resistência. Mas eu resisto. Eu vibro e sinto meu coração
palpitar na ponta dos dedos das mãos e no topo da cabeça. E o cérebro treme
como solto na caixa-crânio. Bate por todas as paredes e desce ao estômago, que
se desgruda e solto sobe e desce, vai à garganta e volta. Eu o engulo novamente
e deito, para reposicionar. Ainda há tosse, pelo engasgo do deslocamento. Mas
também há resistência. A resistência da resistência." (Siouxie)
"Olho para mim mesmo e
chego a seguinte conclusão ou confusão: Eu estou em estado catatônico. Sinto a
luz bater em minha face, porém o sol não existe. Está tudo tão nublado, está tudo tão cinza. Quero beber o mundo, mas com este estado de cega lucidez isso se
torna inalcançável, irreal. Não vejo nada, ninguém. A fome e o desespero e
a busca pelo mal acabado é o que me deparo. Sem enxergar um palmo a frente de
qualquer parte. A vida esta morta. A arte me resta. Apenas." (Cara de Chapéu)
"Não tenho medo. Vou ter medo de
que? Pra que? É preciso vida para se temer. Nesse corpo apenas impulso. Tudo muito
mecânico. Instinto. Suspiro. Já não há mais cansaço nem dor. Experimente esvaziar-se.
Todo mundo tem algum podre que as vezes precisa colocar pra fora. Desistir? Não,
obrigado, ainda estou sedento. É só o que restou: esse instinto primitivo. Se eu
penso? Alguma parte de mim pensa por si só e se eu pudesse devoraria essa
grande razão rosa, falante e irritante!" (Poe)
"Eu sou o universo, e não! Eu não estou falando
de amor. Não vim aqui pra isso... Não estou! O que acontece entre eu e tudo tem
uma relação tão invisível que eu mal consigo ver. Eu ouço as pessoas e elas
falam: “- Eu estou aqui! Pode vir!” … é tudo uma grande mentira. Estamos todos
dentro de um bolsa cheia de água prestes a explodir... eu sinto que estamos
prontos e eu quero muito que tudo seja
vermelho e sujo. Não não fomos gerados, estamos todos em conserva e a rainha
está ficando com fome e, logo logo, ela nos colocará no micro-ondas. Então nos
encontraremos nesse universo do qual falei e esperaremos ser jogados no mundo. Tudo tão confuso. Eu não quero que você me
ame!" (Edgar)
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