sábado, 27 de abril de 2013

Para Poe em Trânsito


Para Poe é um processo colaborativo de montagem teatral e criação dos artistas Clarissa Oliveira, Erick Alessandro, Patrícia Cipriano e Thiago Inácio. A partir da ótica do intérprete-criador, a direção se estabelece coletivamente, dividindo experiências entre os artistas e as transpondo para o palco. O texto é uma criação autoral de Clarissa Oliveira e Thiago Inácio, que surge da vontade em expor, de maneira dramatúrgica, suas inquietações artísticas. Este projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012 e terá sua estreia no dia 04 de julho de 2013, no Teatro Novelas Curitibanas em Curitiba.

"A resistência da resistência. Meu corpo hesita. Minha imaginação me engana. Meu cérebro me leva para outro caminho. Eu volto. Fujo, volto, fujo... Eu continuo. As pernas tremem, a respiração ofega, o organismo resiste, eu continuo 70%. Os outros 30% são um engodo. A resistência. Mas eu resisto. Eu vibro e sinto meu coração palpitar na ponta dos dedos das mãos e no topo da cabeça. E o cérebro treme como solto na caixa-crânio. Bate por todas as paredes e desce ao estômago, que se desgruda e solto sobe e desce, vai à garganta e volta. Eu o engulo novamente e deito, para reposicionar. Ainda há tosse, pelo engasgo do deslocamento. Mas também há resistência. A resistência da resistência." (Siouxie)


 
"Olho para mim mesmo e chego a seguinte conclusão ou confusão: Eu estou em estado catatônico. Sinto a luz bater em minha face, porém o sol não existe. Está tudo tão nublado, está tudo tão cinza. Quero beber o mundo, mas com este estado de cega lucidez isso se torna inalcançável, irreal. Não vejo nada, ninguém. A fome e o desespero e a busca pelo mal acabado é o que me deparo. Sem enxergar um palmo a frente de qualquer parte. A vida esta morta. A arte me resta. Apenas." (Cara de Chapéu)

 
"Não tenho medo. Vou ter medo de que? Pra que? É preciso vida para se temer. Nesse corpo apenas impulso. Tudo muito mecânico. Instinto. Suspiro. Já não há mais cansaço nem dor. Experimente esvaziar-se. Todo mundo tem algum podre que as vezes precisa colocar pra fora. Desistir? Não, obrigado, ainda estou sedento. É só o que restou: esse instinto primitivo. Se eu penso? Alguma parte de mim pensa por si só e se eu pudesse devoraria essa grande razão rosa, falante e irritante!" (Poe)




"Eu sou o universo, e não! Eu não estou falando de amor. Não vim aqui pra isso... Não estou! O que acontece entre eu e tudo tem uma relação tão invisível que eu mal consigo ver. Eu ouço as pessoas e elas falam: “- Eu estou aqui! Pode vir!” … é tudo uma grande mentira. Estamos todos dentro de um bolsa cheia de água prestes a explodir... eu sinto que estamos prontos  e eu quero muito que tudo seja vermelho e sujo. Não não fomos gerados, estamos todos em conserva e a rainha está ficando com fome e, logo logo, ela nos colocará no micro-ondas. Então nos encontraremos nesse universo do qual falei e esperaremos ser jogados no mundo. Tudo tão confuso. Eu não quero que você me ame!" (Edgar)

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